Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE)
• A DRGE ocorre por três mecanismos: relaxamentos transitórios do esfíncter esofagiano inferior (EEI) não associado à deglutição (principal), diminuição do tônus basal do EEI e desestruturação anatômica da junção gastroesofágica (hérnia hiatal).
• Fatores de risco: tabagismo, aumento da pressão intra-abdominal (ex: obesidade, gravidez, ascite), medicamentos (ex: anticolinérgicos, bloqueadores dos canais de cálcio, beta-adrenérgicos, nitratos, estrogênios), alimentos (ex: chocolate, álcool, cafeína, refrigerantes), situações que diminuem o esvaziamento gástrico (ex: gastroparesia diabética) ou que diminuam a produção de saliva (ex: Síndrome de Sjögren).
• Sintomas mais comuns: pirose (queimação retroesternal), regurgitação (volta do conteúdo ácido do estômago para boca) e dificuldade para deglutir (usualmente em pacientes com muito tempo de refluxo).
• Sintomas extra-digestivos: dor torácica não-cardíaca, tosse crônica, broncoespasmo, pneumonia de repetição, rouquidão, pigarro, laringite crônica, mal hálito, desgaste do esmalte dentário e gengivite.
• Esôfago de Barret: complicação da DRGE resultante da inflamação crônica causada pelo conteúdo gástrico/biliar em contato com a mucosa esofágica. Ocorre a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar contendo células intestinais (metaplasia intestinal). Essa alteração pode evoluir para adenocarcinoma esofágico e necessita de acompanhamento edoscópico e/ou tratamento cirurgico.
• Exames complementares: estão indicados para avaliação de pacientes refratários à terapia anti-secretora, para avaliação de complicações e exclusão de outros diagnósticos.
a. Endoscopia digestiva alta: é o exame de escolha. Indicada para avaliação de complicações da DRGE e para excluir neoplasia na presença de sinais de alarme como disfagia (dificuldade em deglutir), odinofagia (dor ao deglutir), anemia, idade maior ou igual a 45 anos, perda ponderal e hemorragia digestiva.
b. pHmetria de 24 horas: é o exame padrou ouro. Indicada para confirmação dos casos típicos que não respondem à prova terapêutica e com endoscopia normal, nos casos com sintomas atípicos e também refratários à prova terapêutica, para confirmação antes da cirurgia antirrefluxo e nos pacientes sintomáticos após a cirurgia. É confirmada DRGE quando o pH permanece menor que 4 por mais de 7% das aferições.
c. Esofagomanometria: está indicada na suspeita de distúrbios motores do esôfago.
Tratamento clínico:
a. mudanças comportamentais como elevação da cabeceira do leito, perda de peso, dieta fracionada, não se deitar antes de 2 horas após a refeição, evitar consumo de café, bebidas alcoólicas e gaseificadas, chocolate e condimentos em excesso.
b. Medicamentos: inibidores de bomba de prótons (ex: esomeprazol, lansoprazol, omeprazol, pantoprazol, rabeprazol, tenaprazol).
Indicação cirúrgica: falha no tratamento clínico otimizado, incapacidade de seguir o tratamento clínico, esofagite grave, estenoses esofágicas, úlceras esofágicas, sintomas respiratórios importantes.
